E
eis que o Gigante da pobre natureza se desperta e se levanta do tal berço esplêndido.
Talvez seja tarde, é verdade, mas o florão da América acorda aos gritos de
cidadãos, que em outras mil palavras, cansaram. O que vale a partir de agora
não são mais os três pontos ou a classificação para a próxima fase. O que está
em jogo, e se é que pode ser chamado de jogo, é a reputação de um povo que
aguarda há 513 anos uma mudança. Chega de gols e muito menos de bolas na trave.
O que vale é dar uma dentro, acertar em cheia, mostrar, às diferentes siglas jornalísticas
do mundo, quem somos e para que viemos. Além do surfista de trem e das bundas e
bolas brasileiras, é hora de ser capa do New York Times.
Pelas
ruas, o povo heroico, do fálido brado retumbante, desce e sobe aos berros e cantos
o cessar do penhor e da desigualdade crônica em que vivem. Chega! Basta! O que
estava na garganta passa pelo braço forte, pelo seio, pelo peito e pela própria
morte e sai pela boca em forma de ó liberdade. Em busca de um sonho intenso, um
povo vívido, de amor, esperança e de raiva, muito raiva. São anos, décadas e
ditaduras embutidas e sucumbidas da terra que desce para o caminho negativo
onde salafrários e fraudulentos agora vão querer fazer de palanque dos
inocentes. Não foram e nem serão apenas vinte centavos que revoltarão a imagem
de um cruzeiro que há séculos não resplandece. Foram a história e as desavenças
de imoralidades e desigualdades que trouxeram o povo até as avenidas e na sola,
não nos bancos de couros ou nas carcaças que usam para superfaturar o povo. A
pé, na marcha, no peito e na raça, fora dos campos, dos gramados exorbitantes.
Aqui, na rua, na esquina, no coração do mundo. Não quando a rede balança, mas
quando a gente balança o mundo. Sem gol de cabeça, mas de peito erguido.
Hoje,
tardiamente ou não, nossas ruas têm mais vida, mais amores, mais coragem, mais
igualdade, mais exemplo. Pelo menos uma vez, Estado, seja símbolo. Protestos
sempre, e paz agora, no futuro, e na glória do presente que se instaura nas
esquinas, entre bombas e injustiças. A clava forte, o povo forte, a gente forte
e os engravatados “brasilianos” fracos, como suas posturas ao longo do tempo. Em
teu formoso e claro pensamento estratégico, o povo soube e sabe a hora de ir.
Estão surpresos os picaretas de anéis de doutor. Quando todos imaginavam o
velho e fosco país do futebol e do carnaval se rendendo às belezas e dribles dos
milionários da bola, os pobres e desacreditados cidadãos comuns se organizaram
e aproveitaram o palco intitulado Confederações. Não existia momento melhor
para mostrar ao mundo o que de fato os índios descobriram e os porcos políticos
destruíram ao longo do tempo. Como se há
anos houvesse um planejamento e na hora certa o cheque fosse dado, com fundo,
de caráter, mas mate, bem na mira, na capital econômica, na capital de fato, na
cidade maravilhosa. As placas da verdade estão instaladas não em muros e outdoors,
mas nas mãos do povo, no olhar de quem paga a culpa por viver em um país de
terceira por causa de escrotos de primeira. Aos turistas, gringos, CNN, CBN,
BBC e outras inúmeras letras que formam pensamentos: “Sejam bem vindos ao Brasil”,
aqui verão que um filho teu não foge à luta.
Comentários
Postar um comentário