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Futebol no pais do jeitinho



Desde ontem, ou anteontem que seja, se discute a questão dos pontos corridos como fórmula de disputa do Campeonato Brasileiro. É fato que desde 2003, data da tal reformulação, que a competição vem sendo disputada no mais alto nível de coerência, ou seja, o time que tem o melhor desempenho, de fato, se torna o campeão. Positivo, e é só. 

O grande problema na "era" ponto corrido é o "entrega". A cena da rodada de número 36 da competição vai ficar manchada pelo gesto do jogador Júlio Batista do Cruzeiro, que não pensou duas vezes e depois do seu time sofrer o segundo gol do Vasco, que corria do rebaixamento, mandou a equipe adversária sapecar logo outro. Negativo, e não é só isso.


Fatos e atitudes como essas nos fazem repensar, novamente, o ponto corrido no Brasil. Não gosto muito de comparação aos estrangeiros, mas estes fatos, pelo menos no meu conhecimento, não acontecem por lá. Aliás, este e outros como o do jogador Dedé que pediu para não jogar a mesma partida, contra o Vasco, por se tratar de um ex-jogador da equipe. O que já podia ser considerado um prenúncio de que o campeão iria entregar o jogo. Negativo. 


Mas não só este, outros jogos que me vem a cabeça no momento me fazem questionar. Quem não discute até hoje a final que o Flamengo ganhou em cima do Grêmio em 2009, de virada, o Internacional dependia de uma vitória do Grêmio na ocasião. Aquela do Cruzeiro e Galo, que se o galo ganhasse o Cruzeiro iria para a segundona, enfim, existem centenas dessas situações e sempre vão existir. 


O grande problema é que diferente da Europa, aqui existe uma rivalidade a mais, os chamados campeonatos regionais. O que coloca em cheque a fórmula de disputa. Aqui uma equipe não vence para ajudar o rival do seu estado e também não vence se existir a tal mala branca ou preta que for, porque os times precisam de dinheiro. Enfim, ponto corrido em um país onde o "jeitinho" é soberano não rola. Definitivamente. 

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