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Ele vibra, ele é fibra



O ano é 2001. Em meio a mais uma turbulência e milhares de verbos e verbetes execrando o Flamengo, eis que surge: “Eles fingem que pagam e eu finjo que jogo", assinado Vampeta um ex-jogador de futebol se referindo a um dos clubes mais poderosos do futebol mundial. Humilhado! 

Não há nenhuma confirmação, mas um ano depois, uma Bandeira é erguida na gávea, a Bandeira de um tal Eduardo, um economista, bancário, homem do dinheiro, ou acostumado a lidar com ele. Tudo o que o Flamengo precisava. Iluminado!

E veio o choque, choque financeiro. Eliminações precoces, goleadas humilhantes, ameaças de rebaixamento e inúmeros resultados abaixo da expectativa que precisavam e foram digeridos com sobriedade. Nenhuma loucura, pés no chão, chão de terra em um espaço projetado por um “pofexor” flamenguista. Containers improvisados no início da construção de um Ninho. Quem não se lembra do carrinho de mão servindo de maca? E se por um lado os números, através da Bandeira, procuravam equilíbrio, por outro, os resultados vexatórios começavam a exalar um cheiro que se tornaria insuportável. Humilhado, execrado, de novo! 

Mas é preciso continuar lutando, acreditando... Ninguém sabe ao certo o que as ondas vão trazer na manhã seguinte. A torcida é pelo vento, para que continue balançando uma Bandeira que merece respeito e não pode e nem deve ser jogada ao léu. Na contramão da realidade, enquanto algumas Palmeiras se erguem e Cruzeiros desbravam mares e títulos, o cheiro fica mais forte, insuportável. Os cofres crescem e a Muralha desaba em dor em decisões de pênaltis. O torcedor não entende e, em um gesto de dor, abaixa a Bandeira: “Não queremos dinheiro, queremos títulos”. Momento em que o império se ergue, as riquezas se acumulam, mas a bola, por dinheiro nenhum deste mundo, insiste em não entrar. Confusão no aeroporto, café nos torcedores, acabou o amor. E pior: tragédia, dor, fatalidade, o império rubro se derrama em vermelho, mesma cor dos nossos rostos de vergonha. O fim ou então só Jesus na causa! E não somente só, com Deus, um João, ambos portugueses, que mais uma vez vão descobrir, em meio aos remos e remadas do passado, uma história que começa a ser reerguida. 

Chegam laterais e dignidade, a Espanha empresta, a Itália oferece, o Velho Mundo está chamando de volta o campeão. Uma nova muralha é reerguida. Pensadores esquecem os cruzeiros e se voltam para o real. Gênios chegam e se juntam ao arco e à flecha. Jesus só falta erguer ou reerguer o dezembro daquele 81 histórico. Mas não é dezembro, é novembro, doce novembro: o hepta chega com recordes, artilheiros, defesas e números jamais vistos. Já a América se encanta e no encanto fatal, em dois minutos,  a glória, como o hepta também chega. Chega de novo, em forma de bi. A Bandeira é reerguida, os vermelhos dos papeis ganham a companhia de um azul que de tão forte se transforma em preto e o rubro-negro renasce, se encanta, se enche de orgulho como os cofres e, se não o bastante, grita extasiado a todos os pulmões que agora quer o Mundo de novo. 

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